Ferramenta de gestão urbana é também produto que maximiza retorno dos investimentos imobiliários.
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13 abril 2023
Transferência de potencial construtivo permite negociar aumento do direito de construir
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Como construir mais do que a legislação permite, mas sem infringir a lei? Isso é possível negociando o potencial construtivo, que é a área que pode ser construída em um determinado terreno de acordo com o Plano Diretor municipal e as leis de zoneamento.
A Transferência do Direito de Construir (TDC) dá ao proprietário de um imóvel a possibilidade de utilizar seu potencial construtivo em outro lote, vendê-lo a outro proprietário ou doá-lo ao poder público. Ou seja, é um ativo financeiro valioso para o mercado imobiliário e para a administração pública.
Para os municípios, é uma ferramenta de gestão urbanística. Pode ser usado para:
manter determinadas áreas com baixa densidade populacional;
conservar a cobertura vegetal;
implantação de equipamentos públicos,
preservação do patrimônio histórico, ambiental, paisagístico, social ou cultural;
implantação de programas de regularização fundiária;
urbanização de áreas ocupadas por população de baixa renda;
construção de habitações de interesse social.
Assim, em vez de desapropriar uma área e pagar por ela, onerando o caixa do município, a administração transfere o direito de construir para outro local.
Valor do potencial construtivo no mercado imobiliário
Para o mercado imobiliário, o potencial construtivo é um produto que maximiza o retorno do investimento, como explica Paulo Casoni, diretor de Capital Markets da JLL.
“Uma incorporadora que adquire potencial construtivo pode construir mais e elevar a altura máxima da edificação. Considerando que o m² de potencial construtivo custa menos que o m² do terreno em si e que o custo de construção é o mesmo, você aumenta a margem de lucro ao construir sobre uma base de valor mais baixa”, diz Casoni.
A conta sobre o quanto a mais é possível construir por meio da aquisição de potencial construtivo é feita caso a caso e depende da legislação local.
A prefeitura do Rio de Janeiro, por exemplo, é uma das que faz uso efetivo do TDC para a gestão urbana. Foi o caso da criação do Parque Natural Municipal de Marapendi, impedindo construções no entorno e transferindo o potencial construtivo para outros locais na Barra de Tijuca, e mais recentemente para viabilizar as reformas dos estádios do Flamengo e Vasco.
Como negociar potencial construtivo
Se, por um lado, o valor do potencial construtivo é evidente, por outro, sua forma de negociação não é tão óbvia. O objetivo, ao final, é conseguir um negócio equilibrado, que remunere adequadamente quem está vendendo e que possibilite o máximo de rentabilidade para quem está comprando.
Assim, a estratégia de comercialização desse produto leva em conta vários fatores, segundo o executivo da JLL:
O primeiro passo é definir potenciais compradores: quem ou quais empresas têm ou já tiveram projetos na região?
Em quais regiões, dentro da área permitida, o m² vale mais?
Para que tipo de empreendimento é mais interessante (corporativo, residencial, varejo etc.)?
Há concorrentes vendendo produto similar?
“O potencial construtivo não é um ativo que valoriza e desvaloriza com o tempo, mas está ligado ao mercado imobiliário e é afetado pelas condições dele”, destaca Casoni.
Justamente por isso, é importante contar com a orientação de especialistas experientes como os da JLL e sua expertise global nos mais variados produtos imobiliários.