“Em geral, as organizações não dão a devida atenção à área de real estate por considerarem um suporte para o negócio principal ou por entenderem que uma obra é um período transitório, não tão relevante quanto a linha de produção, por exemplo. Soma-se a isso o fato de, muitas vezes, as obras envolverem fornecedores terceirizados e, portanto, desconectados da missão e da cultura da empresa. Além disso, pode haver pressa para a conclusão da obra e a inauguração e, por consequência, alguma condescendência em relação a situações de não conformidade”, afirma.
Empresas que possuem metas ESG precisam estar ainda mais atentas a isso, segundo a especialista. É preciso alinhar as práticas, inclusive no canteiro de obras, aos compromissos assumidos diante do mercado.
Governança em projetos e obras na prática
Uma equipe especializada na gestão de projetos e obras ajuda não só a controlar o bom andamento da construção ou reforma, atendendo aos prazos e custos estipulados, mas também assegura o cumprimento de todos os processos da companhia, reduzindo riscos técnicos e reputacionais.
“O primeiro passo é entender a missão, os valores e a cultura do cliente para saber como lidar com as intercorrências que vão surgir durante a obra. A JLL segue as melhores práticas de gerenciamento de projetos, de acordo com o Project Management Institute (PMI), mas também adota princípios próprios de governança em projetos e obras”, explica a diretora da JLL.
As melhores práticas de gestão de projetos, segundo o PMI, envolvem 10 aspectos: gerenciamento de escopo, de tempo, de qualidade, de custos, de aquisições, de comunicações, de recursos humanos, de riscos, de integração e relacionamento com stakeholders.
Princípios da governança em projetos e obras
1. Capacidade de resposta: responder de forma eficiente e eficaz às necessidades das partes interessadas. Para melhorar a capacidade de resposta do investidor, há que se focar na satisfação das expectativas dos interessados em termos de qualidade, quantidade e rapidez dos serviços prestados com os recursos limitados disponíveis.
2. Integridade: diz respeito às ações organizacionais e ao comportamento dos responsáveis, referindo-se à adesão e alinhamento consistente aos princípios e normas técnicas para sustentar e priorizar o interesse da empresa sobre os interesses dos departamentos envolvidos no que tange projetos e obras.
3. Transparência: permitir que a direção obtenha informações atualizadas sobre operações, estruturas, processos decisórios, resultados e desempenho de seus investimentos em ativos imobiliários. Consiste em disponibilizar, inclusive na forma de dados abertos, para as partes interessadas, as informações que sejam de seu interesse e não apenas aquelas impostas por disposições de leis ou regulamentos.
4. Equidade e participação: promover tratamento justo a todas as partes interessadas, levando em consideração seus direitos, deveres, necessidades, interesses e expectativas.
5. Accountability (prestação de contas e responsabilidade): diz respeito à obrigação que têm as pessoas às quais se tenham confiado recursos, incluídas as empresas, de assumir as responsabilidades devidas.
6. Confiabilidade: representa a capacidade das empresas de minimizar as incertezas para as partes interessadas nos ambientes que as intervenções em projetos e obras tocam. Por isso, uma empresa confiável tem que se manter o mais fiel possível aos objetivos e diretrizes previamente definidos, passar segurança aos seus clientes, funcionários e investidores em relação a sua atuação e, por fim, manter ações consistentes com a sua missão institucional.
“O conjunto de boas práticas alinhado aos princípios da governança em projetos e obras traz muitos benefícios para as empresas, como conexão com a missão corporativa, aumento do controle e do monitoramento, redução de gastos, mais eficiência e vantagem competitiva”, avalia Valesca Guimarães.