Relocalização do local de trabalho pode gerar, em média, custos 63% menores.
Insight
07 abril 2025
Empresas buscam economia em meio à alta de aluguéis e impulsionam flight to price em São Paulo
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O mercado imobiliário corporativo de São Paulo tem registrado uma tendência chamada flight to price (voo para o preço, em tradução livre), quando empresas decidem sair de regiões mais nobres e disputadas, onde os aluguéis são mais altos, para buscar alternativas financeiramente mais vantajosas em outras áreas da cidade.
Segundo a área de Pesquisa e Estratégia da JLL, em 2024, 13 empresas trocaram seus endereços na região da Nova Faria Lima e JK, a um preço médio de R$ 273/m², por novas localizações a um custo médio de R$ 100/m², resultando em uma economia média de 63%. Este movimento é impulsionado pela necessidade de redução de custos operacionais diante de um cenário econômico de incertezas e da ampliação do trabalho presencial, explica Rafael Calvo, diretor de Locações da JLL.
“Com mais pessoas frequentando os escritórios, muitas empresas precisaram aumentar suas áreas para atender às atuais necessidades. Além disso, regiões como Nova Faria Lima e JK, conhecidas por possuírem edifícios de alto padrão e sedes de grandes corporações, têm experimentado uma pressão crescente nos valores de aluguel, chegando a patamares recordes, acima de R$ 300/m² em alguns edifícios. Quando o contrato chega à fase revisional, muitas empresas têm dificuldades para justificar esses custos elevados. Assim, companhias de diversos setores estão reavaliando suas estratégias de ocupação, priorizando a relação custo-benefício sem abrir mão da qualidade dos imóveis”, diz.
A maioria das empresas que já se realocaram para regiões com valores de aluguel mais atrativos são de segmentos com margens menores, como indústria, logística, publicidade e energia. Nessa movimentação, a maioria (sete de um total de 13) aumentou a área ocupada, devido ao aumento da frequência das pessoas no escritório, crescimento orgânico ou ambos. As que reduziram ainda mantinham espaços alugados do período pré-pandemia e estavam com áreas ociosas.
Flight to price leva empresas a regiões secundárias e alternativas
Outras regiões de São Paulo que oferecem escritórios de alto padrão com valores mais acessíveis estão se beneficiando dessa movimentação flight to price. Áreas como Chucri Zaidan e Berrini, e até mesmo regiões mais afastadas do centro financeiro tradicional, como Chácara Santo Antônio, Barra Funda, Marginal e Pinheiros/Vila Madalena – consideradas pela área de Pesquisa e Estratégia da JLL como regiões secundárias e alternativas – estão se tornando destinos atrativos para empresas em busca de economia.
Leia o artigo de Rafael Calvo sobre flight to price no GRI Hub!
De acordo com dados da pesquisa de mercado do quarto trimestre de 2024 da JLL, as absorções revelam uma tendência crescente nessas áreas, que chegaram a ultrapassar as regiões primárias. As regiões primárias apresentam absorção historicamente alta, porém volátil, com picos seguidos de quedas acentuadas. Por sua vez, as regiões secundárias e alternativas demonstram maior resiliência, inclusive durante o período da pandemia.
Os números indicam um possível crescimento contínuo nas regiões secundárias e alternativas, sugerindo uma redistribuição mais equilibrada dos polos corporativos na cidade, potencialmente aliviando a pressão sobre infraestrutura e transporte nas áreas atualmente mais congestionadas.
“Além da economia direta com aluguéis, as empresas também consideram outros fatores ao fazer essa mudança de endereço, como melhor mobilidade para os funcionários em regiões menos congestionadas e, em alguns casos, até incentivos fiscais oferecidos por municípios”, analisa o especialista da JLL.
No entanto, ele ressalta que as regiões nobres como Nova Faria Lima e JK ainda mantêm seu prestígio e continuam atraindo empresas que valorizam a localização estratégica e o status associado a esses endereços para sua imagem corporativa.
“O que se observa é uma diversificação das opções, com empresas agora mais dispostas a considerar áreas secundárias e alternativas que ofereçam melhor equilíbrio entre custo e benefícios”, pontua.
À medida que o movimento flight to price ganha força, o mercado imobiliário corporativo de São Paulo deve passar por ajustes, com possível estabilização dos preços nas áreas mais caras e valorização das regiões alternativas. Essa dinâmica promete remodelar o panorama dos escritórios de alto padrão na maior metrópole do Brasil, trazendo novas oportunidades tanto para locatários quanto para investidores do setor imobiliário.