Qualidade de vida supera salário e redefine futuro do trabalho, mostra estudo
O escritório deixou de ser o mesmo para se reinventar. O Workforce Preference Barometer 2025, estudo global realizado pela JLL com milhares de trabalhadores em diferentes países, traz números que ajudam a explicar a nova dinâmica do mundo corporativo: 65% dos profissionais afirmam que o equilíbrio entre vidas pessoal e profissional é hoje mais importante do que o próprio salário. O dado mostra que o centro da discussão não está mais em quantos dias ir ao escritório, mas em como transformar o trabalho em uma experiência mais humana, flexível e significativa.
A pesquisa revela que o modelo híbrido está consolidado: 66% dos trabalhadores de escritório já atuam sob políticas formais que estabelecem a frequência mínima de presença, e 72% avaliam positivamente esse tipo de diretriz. Porém, a aceitação não garante cumprimento. Muitos funcionários descumprem a frequência exigida porque esperam que o empregador leve em conta suas circunstâncias pessoais e ofereça escritórios que realmente atendam às suas expectativas.
Outro movimento captado pelo estudo é a mudança no tipo de flexibilidade desejada. Se, durante a pandemia, a discussão era sobre o lugar de trabalho, agora o foco está no tempo. Os colaboradores reconhecem os benefícios da presença no escritório, especialmente para a colaboração, mas aspiram ter autonomia sobre seus horários e sobre como integram o trabalho às outras dimensões da vida.
Ambientes empáticos
Nesse contexto, o bem-estar ganha protagonismo. Questões relacionadas à saúde mental, especialmente o burnout, continuam a representar uma ameaça concreta ao engajamento, à produtividade e à retenção de talentos. Para os trabalhadores, a expectativa é clara: empresas precisam criar ambientes mais empáticos e de apoio, que reconheçam limites humanos e ofereçam suporte real ao equilíbrio físico e emocional.
A análise também destaca que grupos específicos estão mais atentos e exigentes. Jovens, recém-contratados, profissionais de tecnologia e pessoas com responsabilidades de cuidado valorizam ainda mais a flexibilidade de horários, o suporte à saúde mental e lideranças próximas. Para esse perfil, a falta de autonomia ou de condições adequadas pesa tanto quanto — ou até mais — que a remuneração.
“O desafio das empresas hoje não é apenas dizer quantos dias o colaborador deve estar no escritório, mas tornar essa experiência significativa. Espaços acolhedores, gestão que reconheça o humano por trás do funcionário e respeito à vida fora do trabalho são elementos que constroem não apenas adesão às políticas, mas também engajamento e lealdade”, afirma Andreza Silva, líder de Workplace e Change Management da JLL.
A conclusão do Workforce Preference Barometer 2025 é clara: o modelo híbrido já não é novidade. O verdadeiro diferencial para atrair e reter talentos está em oferecer qualidade, propósito e experiências de valor. Em outras palavras, não se trata mais de onde trabalhar, mas de como trabalhar melhor — sem abrir mão da autonomia, da saúde e do equilíbrio que passaram a definir sucesso no trabalho.