Imóveis são oportunidade de liquidez pouco explorada pelas empresas
Enquanto enfrentam custos financeiros elevados e buscam maior eficiência operacional, muitas empresas brasileiras deixam de explorar uma fonte relevante de recursos: seu portfólio imobiliário. Segundo Paulo Casoni, diretor de Capital Markets da JLL, a carteira de imóveis, sejam operacionais ou não, pode ser uma ferramenta estratégica para reforçar a saúde financeira das companhias.
“Em um cenário de juros altos, manter ativos imobiliários ociosos significa arcar com um custo elevado. Esses imóveis geram despesas recorrentes com manutenção, segurança, impostos e seguro, sem trazer retorno proporcional”, afirma Casoni.
Para o executivo, a venda de imóveis não operacionais é uma alternativa eficiente para aliviar o caixa e reduzir dívidas, mesmo que envolva alguma negociação de preço frente às condições atuais do mercado. “Além de eliminar custos, os recursos obtidos podem ser usados para reforçar o capital de giro ou amortizar passivos, o que representa uma economia importante com despesas financeiras”, diz.
Sale and leaseback transforma imóveis operacionais em capital
No caso dos imóveis operacionais, ou seja, aqueles usados diretamente nas atividades da empresa, a alternativa é a operação de sale and leaseback, quando o ativo é vendido a um investidor e, ao mesmo tempo, alugado pela própria empresa para uso a longo prazo.
“Essa é uma forma inteligente de liberar capital imobilizado sem interromper as operações. A companhia continua no mesmo endereço, mas transforma o ativo em recursos disponíveis para investir no seu core business”, explica.
Entre os benefícios dessa modalidade, Casoni destaca a melhora de indicadores financeiros como retorno sobre ativos (ROA) e sobre o patrimônio líquido (ROE), além do fortalecimento do fluxo de caixa.
“Com contratos bem estruturados, é possível garantir estabilidade operacional e proteger a empresa contra reajustes abusivos de aluguel. Trata-se de uma ferramenta madura e amplamente utilizada em mercados mais desenvolvidos”, afirma.
No entanto, o executivo reconhece que o modelo encontra barreiras no Brasil. “Muitas empresas ainda têm um apego emocional aos seus imóveis ou desconhecem os instrumentos disponíveis, além de não possuírem uma gestão patrimonial eficaz. Isso faz com que mantenham ativos subutilizados enquanto enfrentam pressões financeiras crescentes.”
Casoni diz que é preciso repensar a forma como o patrimônio é tratado nas organizações. “Os imóveis não devem ser vistos apenas como símbolos de status ou meros espaços físicos. Eles são ativos estratégicos e precisam ser geridos com inteligência. Em um ambiente competitivo, ignorar esse potencial pode ser um erro caro”, conclui.