Ferramenta da JLL monitora a sustentabilidade no mercado imobiliário global e traz insights para proprietários e investidores.
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Edifícios verdes certificados atraem mais ocupantes em São Paulo
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Os edifícios com certificações verdes tendem a apresentar menor taxa de vacância do que os não certificados em São Paulo, segundo dados do Global Green Building Dashboard, preparado pelos times globais de Pesquisa e Sustentabilidade da JLL. O dashboard é uma ferramenta atualizada anualmente com dados de edifícios verdes de diversas cidades do mundo, incluindo São Paulo, Rio de Janeiro e Buenos Aires, na América Latina. A procura por esses edifícios não se dá exclusivamente por serem verdes, mas, principalmente, por serem novos, o que faz com que sejam mais modernos e eficientes, ou seja, aspectos diretamente relacionados à sustentabilidade.
A tendência de maior ocupação nos prédios sustentáveis vem desde 2016, com exceção ao ano de 2022, em que a taxa de vacância nos edifícios certificados e não certificados foi a mesma. Em 2024, enquanto a vacância era de 31% nos empreendimentos não certificados, foi de 18% nos certificados. “Os dados mostram que vale a pena investir em sustentabilidade nos portfólios imobiliários. Além de alcançarem maior eficiência e redução de custos operacionais, os edifícios verdes são mais atraentes para os ocupantes”, avalia Luciana Arouca, diretora de Sustentabilidade da JLL.
Essa é uma demanda atual do mercado, principalmente de multinacionais que sofrem pressões regulatórias em outros países e possuem metas de ESG (Environmental, Social and Governance). Isso faz com que os novos empreendimentos já atendam às premissas para certificações verdes desde o projeto. Neste cenário, os mais antigos e não certificados precisam se adequar para continuarem competitivos comercialmente, indica Yara Matsuyama, diretora de Locação de Escritórios da JLL.
“O retrofit é a melhor solução para modernizar os empreendimentos e mantê-los relevantes e atraentes no mercado. Não se trata apenas de uma atualização visual, é uma renovação sistêmica e estrutural, que pode ou não ter a certificação como objetivo, mas, de todo modo, torna o prédio mais aderente aos requisitos atuais e futuro”, afirma Yara.
Taxonomia verde na construção vai impactar aportes
O retrofit completo e a certificação não precisam ser o objetivo final, uma vez que envolvem planejamento de médio/longo prazo, investimentos e obras. Mas é importante que proprietários e investidores identifiquem as questões mais urgentes de seus ativos para evitar grandes defasagens e investimentos ainda maiores no futuro.
“Projetos de sustentabilidade não são implementados do dia para a noite; são ações que demandam planejamento e implicam custos. Alguns temas como eficiência energética, consumo de água e gestão de resíduos são chave e já deveriam estar sendo endereçados pelos proprietários. Inclusive, fazem parte da discussão da Taxonomia Sustentável Brasileira (TSB), com a definição de critérios e indicadores específicos que permitem avaliar se uma atividade contribui para a sustentabilidade e/ou para a transição para uma economia sustentável”, explica Luciana.
A Taxonomia Sustentável Brasileira (TSB) é um instrumento que consiste em um sistema de classificação que define, de maneira nítida, objetiva e com base científica, atividades, ativos e/ou categorias de projetos que contribuem para objetivos climáticos, ambientais e/ou sociais, por meio de critérios específicos. Tem o objetivo de mobilizar e reorientar o financiamento e os investimentos públicos e privados para atividades econômicas com impactos ambientais, climáticos e sociais positivos, visando ao desenvolvimento sustentável. No momento, encontra-se em fase de avaliação dos comentários após consulta pública. Os próximos passos são oficinas técnicas para revisão dos cadernos que elencarão as diretrizes para definir o futuro das construções e das cidades, com previsão de divulgação em 2026.
“A taxonomia verde terá impacto significativo no mercado imobiliário. Com isso, espera-se que haja um movimento em prol da sustentabilidade, com o governo também tornando mais ágeis as aprovações e legislações referentes ao assunto. Essa costuma ser uma queixa frequente em projetos de retrofit. Mas isso também significa que as pressões regulatórias aumentarão, assim como o direcionamento de recursos e crédito privilegiará iniciativas sustentáveis. É indicado começar a se preparar desde já, seja com estudos, com a formação de um comitê de sustentabilidade ou com a aproximação de instituições ligadas ao tema”, recomenda a diretora de Sustentabilidade da JLL.
Riscos climáticos também afetam a competitividade
Outro tópico abordado no Global Green Building Dashboard da JLL é o risco climático, que se refere à possibilidade de ocorrência de impactos negativos em consequência de eventos climáticos extremos ou mudanças no clima. Esses impactos foram vistos nas enchentes no Rio Grande do Sul e nos grandes incêndios na Califórnia em 2024, que elevaram os valores dos seguros.
No Brasil, as cidades de São Paulo e Rio de Janeiro aparecem como áreas sensíveis aos riscos climáticos, o que pode gerar reflexos futuros em custos de apólices e em aportes financeiros. “Ainda que alguns proprietários insistam em não dar a devida importância ao tema da sustentabilidade, a evolução do mercado gera movimentos em cadeia e, mais cedo ou mais tarde, todos serão impactados”, diz Luciana.
Yara reforça que, mais do que adotar ações por conta de exigências regulatórias, é preciso considerar os benefícios reais à operação e aos ocupantes. Inclusive, há empresas exigindo itens de sustentabilidade nos contratos de locação.
“Não basta implementar uma única vaga de recarga para veículos elétricos no empreendimento e achar que é suficiente. Hoje em dia, as empresas estão eletrificando suas frotas completas, pois isso contribui para a redução de custos e para as metas ESG. Os prédios precisam estar preparados para isso. A busca por maior eficiência precisa ser constante”, pontua a diretora de Locação de Escritórios da JLL.
O dashboard da JLL é uma ferramenta alimentada por dados dos mais de 80 países em que a consultoria atua, antecipando tendências dos países mais desenvolvidos. A diretora de Sustentabilidade da JLL destaca a importância dos dados para o monitoramento das iniciativas sustentáveis.
“Sem tecnologia, sem soluções de automação, sem medir dados é muito difícil avançar nessa agenda sustentável, porque não há controle das ações implementadas. A sustentabilidade está embasada em dados. A tecnologia é uma melhoria para os ativos, pois quanto mais transparente é a operação, mais confiança ela gera e atende melhor às demandas do mercado”, conclui Luciana.