Edifícios corporativos de alto padrão atraem ocupantes mesmo fora dos eixos tradicionais de São Paulo
Empreendimentos corporativos de alto padrão conseguem obter bom desempenho mesmo em regiões fora dos eixos corporativos tradicionais, como Faria Lima, Berrini e Chucri Zaidan. É o que mostra um estudo da área de Pesquisa e Estratégia da JLL sobre a ocupação de grandes edifícios em regiões menos demandadas, como Barra Funda e Vila Leopoldina, que recentemente virou notícia no Valor Econômico.
Embora possa haver maior dificuldade inicial para atrair grandes empresas para esses locais, uma vez instaladas, as organizações tendem a ser fiéis, mesmo em tempos de crise. Esses prédios demonstraram mais resiliência durante a pandemia, com poucas e pequenas devoluções de área, ao contrário do que aconteceu nas regiões corporativas clássicas.
Alguns exemplos são o CGD Corporate, o Atlas Office Park e o Villa Lobos, que abrigam empresas relevantes, como bancos e farmacêuticas, e sofreram impacto sutil em 2020 e 2021, no auge do isolamento social por causa da COVID-19.
Estudo de mercado é fundamental para o sucesso do empreendimento
Segundo Yara Matsuyama, diretora de Locação de Escritórios na JLL, alguns fatores favorecem o sucesso de um empreendimento fora dos eixos tradicionais de escritórios.
“Prédios localizados em áreas próximas a bairros residenciais de alto padrão, com boa infraestrutura e serviços, como transporte público e restaurantes, atraem ocupantes dispostos a se instalar fora dos eixos corporativos tradicionais”, afirma.
Ela destaca a importância de entender o perfil da região e adaptar o produto para atender a esse público. “É fundamental fazer uma análise detalhada da localização e conceber um produto adequado. Não é questão de sorte, mas de estudo de mercado”, diz
Em alguns casos, o preço pedido por metro quadrado pode se aproximar do de regiões tradicionais. Dados públicos mostram que o Edifício Crona 665, no Tatuapé, tem o preço pedido de R$ 130/m², valor superior ao praticado na Berrini, por exemplo, que é uma região consolidada, com infraestrutura e forte presença corporativa.
Em outras situações, a surpresa está na rápida absorção, como o Brasília Square Offices, na Barra Funda, que, em um ano de operação, já atingiu 50% de ocupação.
Para os negócios se concretizarem, a flexibilidade também é um fator importante, tanto no espaço físico quanto na negociação. Ou seja, oferecer lajes corporativas que possam ser ajustadas conforme o perfil do ocupante e estar disposto a negociar valores e condições contratuais. “Trata-se de fazer um produto com liquidez. Lajes com tamanho suficiente para atrair grandes ocupantes, mas que possam ser divididas para atrair também os menores”, indica a especialista da JLL.