Do úmido ao seco: Como a IA está revolucionando o design de laboratórios
Os laboratórios estão passando por grandes mudanças graças a um disruptor comum: a inteligência artificial (IA). Modelagem matemática avançada, análise computacional de dados e design generativo estão impulsionando a demanda por laboratórios secos, que, como o nome sugere, diferem dos chamados laboratórios úmidos, com seu uso de líquidos, produtos químicos e amostras biológicas.
Laboratórios úmidos e ciência prática continuam sendo fundamentais para a pesquisa, mas uma empresa global de consultoria estima que a IA generativa pode produzir até US$ 28 bilhões em valor anual apenas na descoberta de medicamentos.
“Já estamos vendo a demanda por laboratórios secos aumentar à medida que grandes organizações farmacêuticas buscam modernizar a infraestrutura”, diz Richard Cairnes, diretor de Projetos e Obras para life sciences da JLL para Europa, Oriente Médio e África. “Pode ser a criação de instalações em novos países, com cientistas colaborando por meio da nuvem, ou simplesmente adaptando laboratórios existentes para preparar o futuro e complementar os recursos de pesquisa atuais.”
Há, por exemplo, o Wellcome Genome Campus do Reino Unido, onde o desenvolvimento em andamento inclui amplas áreas de planta aberta para trabalho de laboratório seco e análise de dados, além de espaços dedicados para computação de alto desempenho e pesquisa em IA. Ou o Centro Max Delbrück de Medicina Molecular (MDC) da Alemanha, em Berlim, que adicionou um espaço substancial de laboratório seco para bioinformática e biologia computacional.
Embora as principais descobertas ainda venham de cientistas humanos, Gul Dusi, diretora-executiva de Projetos e Obras para life sciences da JLL nos Estados Unidos, acredita que o uso mais extensivo de modelagem e IA alterará fundamentalmente o design de laboratórios. “Isso afeta o layout geral, alterando número de bancadas, energia, servidor e conexões de dados necessárias, bem como a forma como as pessoas se movem e interagem no espaço do laboratório”, ela diz.
Digitalização suporta inovação mais rápida
Profissionais de gerenciamento de projetos agora estão usando ferramentas digitais e IA para criar eficiências de tempo e qualidade para construção mais estratégica e econômica de projetos de life sciences.
A capacidade da IA de coletar, organizar e interpretar grandes volumes de informações para extrair insights úteis pode ajudar em tudo, desde planejamento de aquisições e programação de cronogramas até monitoramento da segurança do local ou melhoria da sustentabilidade.
Cairnes explica como a modelagem de informações de construção (BIM) ajuda a criar gêmeos digitais para visualização e melhor planejamento. “Por exemplo, pode detectar possíveis conflitos entre tubulações, dutos ou elementos elétricos e estruturais como vigas, que podem causar problemas caros mais adiante”, comenta.
Para Dusi, o potencial da IA para melhorar a experiência geral e o bem-estar das pessoas que trabalham em laboratórios de life sciences é o que mais a empolga. Ela vê um enorme potencial para a IA simular vários cenários e criar design baseado em evidências para maior produtividade e eficiência.
“Ao analisar o caminho de acesso dos cientistas, quantos passos são necessários entre vários equipamentos, como eles interagem com seus colegas em laboratórios úmidos e secos, bem como variáveis como qualidade do ar, luz natural, podemos projetar e construir laboratórios que ajudem os pesquisadores a alcançar descobertas importantes mais rapidamente”, afirma.