Artigo de opinião por Pedro Lancastre, CEO JLL Portugal
Insight
Os últimos 10 anos foram de mudanças disruptivas
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Os últimos 10 anos foram de mudanças disruptivas em todas as áreas da nossa vida, e o imobiliário não foi excepção. Tivemos um período de intervenção externa, com reformas estruturais que alteraram o panorama imobiliário, com destaque para a alteração à lei do arrendamento, que fez escalar a reabilitação urbana, com grande impacto no mercado de habitação e de comércio de rua. Todo este ciclo virtuoso de revitalização fez atrair mais pessoas, mais empresas e mais marcas para o nosso País, que iniciou então um percurso de projecção internacional em que o imobiliário foi o grande íman de atracção de investimento.
Seguiram-se anos em que o imobiliário foi o trampolim da recuperação económica do País, com uma dinâmica nunca vista especialmente junto dos consumidores finais de imóveis. Temos hoje um padrão de 70 a 80 nacionalidades compradoras de habitação no País, multinacionais que nos escolhem para implantar sedes e centros de serviços europeus e até globais, além de um fluxo de capital institucional nunca visto, com médias anuais em torno dos 3.000 milhões de euros.
Com a chegada da pandemia, uma aceleração de tendências como o trabalho virtual e as compras online, que exigiram muito do imobiliário. Mais uma vez provamos ser um mercado sólido, cuja diversificação de fontes de procura, segmentos, localizações e origem de investidores já não se desfaz, e com uma enorme capacidade de resistência a choques imprevistos.
Em termos da consultoria, destacaria a capacidade de evoluir em antecipação às necessidades dos nossos clientes e, mais do que isso, às necessidades das comunidades que nos rodeiam, o que é especialmente importante nestes momentos disruptivos como sentimos na última década. É essencial hoje termos equipas preparadas para estar ao lado dos clientes na implementação do seus projectos e ideias, e que essa colaboração não se esgote na concretização de um negócio. Deve permitir actuar de forma positiva e sustentável sobre os espaços e as cidades, construindo um futuro melhor para as gerações. Esse tem que ser o motor da consultoria, a qual tem que estar equipada com um leque de serviços 360º que permita actuar em toda a linha de criação de valor imobiliário.
Uma das lições que tirámos dos últimos três anos foi que tudo pode mudar, de forma rápida e intensa. Passámos por uma pandemia, e quando pensávamos que tudo retomaria a normalidade (mesmo que nova), surgiu um conflito na Europa, com todas as consequências macroeconómicas que já conhecemos. Por isso, é difícil estar a antecipar desafios futuros.
Para já, num horizonte mais breve sabemos que dois dos grandes desafios do mercado nacional são a falta (generalizada e estrutural) de oferta e as novas condições macroeconómicas (inflação e aumento dos juros), além de sempre ser importante a estabilização legislativa e fiscal, que pode ser um grande handicap para o nosso mercado, especialmente no que se refere à criação de nova oferta. Não obstante esta conjuntura, é verdade que começa a emergir o sentimento de que os operadores (investidores, promotores, …) e os consumidores de imobiliário (ocupantes ou compradores) estão a adaptar-se à actual realidade de mercado, em que os custos de financiamento e capital estão mais caros e em que há uma perda de poder de compra das famílias, mas onde preços e rendas não estão a quebrar devido à escassez de oferta.
Dito isto, é mesmo esta capacidade de adaptação que é importante destacar: o mercado imobiliário, quer do lado da oferta quer da procura, tem tido a capacidade, não só de se ajustar a cada novo ciclo económico, como de se reinventar, encontrando novas formas de criara valor. Somos um mercado preparado para enfrentar desafios.
É sempre bom relembrar que o retalho continua a evoluir e, com ele, também a forma como as marcas devem criar experiências para os seus clientes. Enquanto consumidores, temos cada vez mais tecnologia ao nosso dispor e temos mais escolhas do que nunca em relação ao que compramos e à forma como compramos.
*Artigo de opinião escrito para a Magazine Imobiliário